Pensamento absurdo e o filósofo Albert Camus
“O pensamento absurdo, adverte Camus, surge com uma urgência estranha à filosofia tradicional: ninguém, insiste ele, jamais morreu pelo argumento ontológico. Mesmo os grandes exploradores do absurdo, pensadores que inclinaram as suas mentes para chegar a conclusões firmes, com poucas exceções desviaram-se desta linha de raciocínio no último momento. Kierkegaard, declara Camus, piscou primeiro em seu confronto com o absurdo. O ‘salto de fé’ do pensador dinamarquês, longe de ser um ato heróico de lucidez e lógica, equivale a um suicídio filosófico. Em vez de saltar para um mundo onde impera o absurdo, Kierkegaard recua para Deus, a quem dá ‘os atributos do absurdo: injusto, incoerente e incompreensível’. Mesmo um deus absurdo, confessa Kierkegaard, é preferível a um vazio insondável.”
Robert Zaretsky, Uma vida que vale a pena viver (A life worth living - original em inglês)