Mundo sem religiões

31/08/2021 00:01

 

“Nesse cristianismo para o futuro tenho também buscado evitar a pseudo-segurança oferecida pelo cristianismo tradicional. O Deus dos braços eternos, que nos acudirá sempre que cairmos (cf. Dt 33,27), e o Jesus a quem recorremos como nossa Rocha Eterna, a quem nos agarraremos eternamente, ambos produzem pessoas imaturas que necessitam dos cuidados de uma divindade sobrenatural e paternal. Isso jamais será o resultado do cristianismo que agora prevejo. Em vez disso, vejo o surgimento de uma humanidade radicalmente nova que viverá em um mundo sem religiões, e dou as boas-vindas a ela. Dietrich Bonhoeffer observa, na passagem que serve como epígrafe deste prefácio: "Diante de Deus e com Deus, vivemos sem ele". Existe uma profunda libertação nessa recém-descoberta disposição de abraçar a insegurança radical da situação humana. A promessa religiosa de prover a segurança que nos permita enfrentar as intransigências da vida se tornou para mim nada mais que uma desilusão designada a manter os seres humanos dependentes e infantis. Assim como todas as "desilusões" religiosas, essa também deverá ser sacrificada para que o cristianismo avance para o futuro. Como Bonhoeffer descreveu, este é o tempo de nossa "maioridade".

 

John Shelby Spong, teólogo e bispo da igreja episcopal em Um novo cristianismo para um novo mundo