Consciência do Renascimento

30/07/2018 19:11

"(Montaigne) Afirma uma única certeza: dar plena cidadania à incerteza e à dúvida, à adoção de uma versão plural, a uma forma de pensar ão dogmática, emancipada da tutela da autoridade filosófica dos antigos e de muitos humanistas, os 'modernos', termo usado de forma escassa por Montaigne (qutro vezes como adjetivo singular; duas como adjetivo plural; uma como substantivo plural) para designar os seus contemporâneos, que tinham feito da certeza e do antropocentrismo acrítico um idolum, o topo da cadeia do ser, da scala naturae, e da razão prometeica o centro, o angelus novus, o Deus terreno dos astros e do cosmos, o mediador universal entre o céu e a terra. Os Ensaios, o único livro deste tipo', queriam, no fundo, propor um projeto de educação permanente do olhar que fosse tanto centrípeto, para entrar dentro de si, como centrífugo, para conferir uma nova capacidade de visão em relação ao mundo, à  História, à sociedade e à pollítica."

 

Nicola Panichi, Montaigne - A consciência crítica do Renascimento