Apartamento familiar
"Quando, em 1789, Saint-Just politizou esse sonho evocando 'o direito à felicidade', quando a burguesia se desenvolveu graças ao comécio e à indústria, foi o apartamento familiar que se tornou o lugar da felicidade possível. No mundo externo, passava-se frio, fome, e as relações humanas eram violentas. Nesse contexto social, o reduto familiar tinha o efeito de um porto de afeto e de repouso. A proteção paterna e a dedicação materna desenhavam uma imagem de felicidade que ainda está aderida ao nosso pensamento. Porém, nas sociedades em que a rua se transformou num lugar mais seguro e mais alegre, é a moradia familiar que aparece como um lugar de repressão, de amargura e de sufocamento afetivo."
Boris Cyrulnik, De corpo e alma - A conquista do bem-estar