Somos marionetes?

08/11/2017 14:17

"Vamos explorar esta questão usando um exemplo simples. Você se dirige a uma bifurcação na estrada, onde pode entrar à direira ou à esquerda. Você não tem nenhuma obrigação de entrar em um ou outro caminho, mas hoje, neste momento, sente que quer entrar à direita e vai em frente. Mas por que você entrou à direita e não à esquerda? Porque teve vontade. Ou porque mecanismos inacessíveis em seu cérebro decidiram por você? Pense no seguinte: os sinais neurais que movem seus braços para girar o volante vêm do seu córtex motor, mas não têm origem ali. Eles são impelidos por outras regiões do lobo frontal, que, por sua vez, são impelidas por muitas outras partes do cérebro e assim por diante, em uma corrente complexa que entrecruza toda a rede neural. Jamais existe um tempo zero quando você decde fazer alguma coisa, porque cada neurônio no cérebro é impelido por outros neurônios; parece não haver uma parte do sistema que aja de forma independente em vez de reagir dependentemente. Sua decisão de virar à direita ou à esquerda, remonta ao passado: segundos, minutos, dias, toda uma vida. Mesmo quando suas decisões parecem espontâneas, elas não existem de maneira isolada. Assim quando você vai até aquela bifurcação na estrada carregando a história de sua vida inteira, quem exatamente é responsável pela decisão? Essas conclusões levam à questão profunda do livre-arbítrio. Se rebobinássemos a história cem vezes, ela seria sempre a mesma?"

 

David Eagleman, Cérebro - Uma biografia