Fala o teólogo Bart D. Ehrman

14/04/2022 13:05

 

“Haveria um futuro dia de julgamento, quando Deus literalmente traria seu povo, cada um deles, de volta à vida. Esta seria uma ressurreição dos mortos: aqueles que tinham ficado do lado de Deus seriam devolvidos aos seus corpos para viver para sempre. Jesus de Nazaré herdou este ponto de vista e proclamou-o com força. Aqueles que fizeram a vontade de Deus seriam recompensados no final, ressuscitados dos mortos para viver para sempre em um glorioso reino aqui na Terra. Aqueles que se opõem a Deus seria punidos por ser aniquilado, fora da existência. Para Jesus isso ia acontecer muito em breve. O mal tinha tomado o controle deste mundo e estava causando estragos nele, especialmente entre o povo de Deus. Mas Deus logo interviria para derrubar essas forças do mal e estabelecer seu reino aqui na Terra. Após a morte de Jesus, seus discípulos continuaram sua mensagem, mesmo quando a transformaram à luz das novas circunstâncias que vieram enfrentar. Entre outras coisas, o fim esperado nunca veio, o que levou a um reavaliação da mensagem original de Jesus. Alguns de seus seguidores passaram a pensar que a reivindicação de Deus de seus seguidores não seria adiada até o fim da história humana. Seria acontecer com cada pessoa no ponto da morte. Os crentes em Cristo seriam levados para a presença de Cristo no céu enquanto aguardavam o retorno aos seus corpos na futura ressurreição. Aqueles que se opõem a Deus, no entanto, seriam punidos. Eventualmente, os cristãos passaram a pensar que essa punição não implicaria aniquilação (visão de Jesus), mas tormento, e não apenas para um curto dia ou dois, mas para sempre. Deus é eterno; sua criação é eterna; os seres humanos são eternos; e a eternidade mostrará os gloriosos julgamentos de Deus: paraíso para os santos e dor para os pecadores. O céu e o inferno nasceram.”

 

 

Bart D. Ehrman, Céu e Inferno: uma história da vida após a morte (original  Heaven and Hell: An history of the afterlife)